Sunday, February 10, 2008



não, a vida não segue em linha reta
caminhamos torto, em círculos e mudamos a rota a cada instante
algumas vezes as pernas e pés querem ir a lugares diferentes
parar ou seguir, qual a diferença?
caminhar entre iguais

sempre estranho

alheio ao pensamento estão os desejos
os sentimentos
é preciso escolher a cada instante
prefiro as uvas
verdes

Wednesday, January 23, 2008




a chuva caía mas não quis ligar o pára-brisa, ver o vidro molhado ou seco, por fim, molhado.
a chuva já chovia muito antes das gotas precipitarem precipitadas do céu.
pausa
tempo
natal
a chuva dessa vez já não caía e no entanto a tristeza ainda estava
apertava o músculo mesmo depois de grandes risadas
é que o riso mora na superfície e a dor quase já na fronteira da matéria mais grosseira com a casa da alma plena, lá perto do botão que faz as coisas crescerem por dentro
nada mudara
nômade como seu espírito
sem destino parada ou caminho
paro
tomo apenas uma dose
a realidade só é digerida aos poucos
como a jibóia qe engoliu o boi
por favor, um tempo
já não há.
o ar parado no estômago
jantar
ceia
gula
assassinato
silêncio
risos e sangue
o tempo é quente e não há chuva

vontade de tartaruga



passava pela areia o vento que lambeu o velho barco a vela em seu último instante, roçou-me a face e tremi. desde aquela noite em que partiste e por um mês tremia por dentro e nunca mais e desde então caminhava seca - não direi dura porque sorria, mas simplesmente algo antes úmido e vivo ressecara por completo. acho que aquele cheiro de morno de morte de norte de fim por fim despertava um trapo esquecido perdido encardido numa das celas da memória memória de células que nunca esquecem
os raios de sol que levantam a mágica poeira dourada não existem as dez pra uma da manhã madrugada noite
noite sem norte sem fim com cheiro de morte

nuvens encobrem o sol e evidenciam a angústia ds dias sem tempo. o coração repousa no limbo inquieto sem pouso ou paz. os olhos vêem a impossibilidade

Friday, December 07, 2007


Tem momentos em que a vida dói
Horas em que o céu azul lá fora enche de nuvem que se carregam muito muito
E param no meio da garganta
Às vezes chove
Outras se mantêm quietas e se confortam no silêncio
Alguns pássaros voam e revelem cores deslumbrantes
Mas um distraído perdeu a cabeça e deixou seu coração a mostra
Às moscas
Pois ninguém mais queria ter
Ninguém mais queria ver

Tem momentos em que o eu cega
Horas em que os muros se tornam o melhor alvo
E só o sangue a escorrer das mãos
A formação dos hematomas
E o autopiedade desaparece diante de uma dor ainda mais grosseira
É quando a dor cega e o amargo cresce na língua
Que o sono vem brotar do cansaço
E a mente esquece
E dorme
Mas se acorda o coração brota da boca e a multidão de pensamentos
E a solidão
E só

Friday, November 16, 2007



é preciso aceitar o inverno
abrigar o eterno que há em cada minuto
engolir o nó da garganta
acalmar a batida do peito
deixar o ar entrar
a lágrima sair se quiser
rir
rir muito e fortalecer os músculos abdominais

mergulhar no fundo da piscina e se sustentar submersa
enquanto a paisagem passa obtusa e eterna

Monday, July 23, 2007


a angústia nasce no coração, mora na garganta e se expande continuamente em todas as direções.
a angústia às vezes cresce tanto que vira uma água quente que sai dos olhos e esfria dentro do peito.
às vezes ela tb não aguenta e vomita o almoço e evita o jantar.
a angústia de tarde descansa deitada no sofá.
ela é uma tia gorda que vem visitar de supresa e só vai embora quando quer.
ocupa os espaços da casa e não se importa em deitar na nossa cama e nos deixar insones durante toda sua visita.
a angústia pode virar um monstro horrível se acompanhada de álcool ou outros alteradores de consciência.

a angústia mora na garganta
a angústia mora na garganta
ela nasce no coração e mora na garganta
a angústia não sabe o caminho de volta
a angústia sente-se em casa
a angústia acha que é amiga e tem hora que a gente acha que gosta dela e dá pra ela um travesseiro mais macio, um café quetinho e um poema triste


Saturday, May 05, 2007


"teatro pra parar de interpretar"
caminhar pra não parar
parar pra respirar
cantar pra limpar
viver para sentir
doer para crescer
viver para crescer
chorar pro olho inchar
dançar pra esqueçer
lembrar de se alegrar
lavar para lembrar
cantar para lavar
dormir pra amanhecer
esperar pro tempo passar
sonhar e aprender a amar
correr sem sair do lugar
lutar pra divertir
sorrir para desanuviar
conhecer pra desconhecer
escrever pra não morrer
...




















ofereço a você flores que não existem
com a gentileza que ficou pra trás

ofereço-te aquela expressão triste
que meus olhos não guardam mais

oferecer servir cantar

naquele espaço entre o desejo e o inexitente
beijo
meu coração se desfaz

ofereço o gosto de sangue na boca
e a iminência da loucura gorda

oferecer servir cantar

ofereço-te as lágrimas já secas
sem forma ou cheiro mas ainda presentes em minha pele

ofereço a ti a presença inefável da dor
incolor e doce

guardarei pra mim o que resta
o que ainda posso
o que sufoco
o que sem foco
ainda corta

Monday, April 16, 2007

odeio poetas
e toda poesia
a pedra no caminho
enfiei no cu

odeio poetas
e toda poesia
grito ao mundo
o grito ecoa surdo e seco

odeio poetas
e toda poesia
fodam-se as rimas
que apodreçam as utopias

odeio poetas
e toda poesia
as musas perfeitas,
peidam e fazem coco

odeio poetas
e toda poesia
as rosas não falam
como-as e deixo vir a hemorragia

odeio poetas
e toda poesia
porque a vida é fato
e a humanidade, rato

odeio poetas
e toda poesia
a estrela lá do céu
go to the hell

odeio poetas
e toda poesia
e que morram todos esses fingidores
que sofrem e fingem amar a dor